Brasil deve ter papel determinante na COP-30 para promover a economia sustentável
Entre todas as agendas para a 30.ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP-30, a mais desafiadora é reiterar o esforço coletivo global por ações de equilíbrio climático. Em uma nova conjuntura geopolítica, a saída dos Estados Unidos, o país mais poderoso do planeta, do Acordo de Paris é emblemática.
A temperatura mundial nunca esteve tão alta como agora. Nem o fenômeno La Niña, que poderia resfriar os oceanos, foi capaz de conter essa tendência de recordes de calor.
As mudanças de paradigma só fazem aumentar a relevância da COP-30, marcada para novembro, em Belém do Pará, quando o Brasil será anfitrião de mais de 190 delegações internacionais.
O desempenho da diplomacia brasileira será determinante para a retomada dos compromissos com as ações de transformação necessárias para uma economia sustentável. Um ponto crucial será consolidar instrumentos de financiamento para esse esforço.
O Brasil faz parte das mesas que discutem parcerias para a transição energética. Nações como Alemanha e Japão estão engajadas e confirmaram a destinação de US$ 45 bilhões para financiar o processo.
No campo da ciência, o País apresenta um leque robusto de aplicações. A geociência nacional está em condições de auxiliar o Brasil a prover o mundo com minerais de terras raras, que são elementos cada vez mais demandados na produção e transmissão de energia fotovoltaica e baterias para motores elétricos.
Ao mesmo tempo, a indústria brasileira cria fontes de energia limpa e renovável, como o etanol de terceira geração, avança em bioinsumos que reduzem a emissão de metano na atividade agropecuária e amplia o escopo de produtos farmacêuticos feitos à base de fontes naturais.
No início de fevereiro, um grupo de investidores com € 6,6 trilhões sob gestão divulgou uma carta aberta à cúpula da União Europeia em que alertava para a relevância da manutenção de regras de sustentabilidade ambiental no âmbito do bloco. A mensagem demonstrou que setores de grande peso no mercado financeiro e na iniciativa privada não se deixam seduzir pelas ideias de relaxamento nas legislações sobre o tema.
A COP-30 será o fórum fundamental para que os países possam reafirmar a sua missão e engajamento nas iniciativas de colocar o mundo na direção do desenvolvimento econômico sustentável, único modelo capaz de preservar as condições para a vida na Terra.
Fonte: Estadão