Incerteza fiscal impede avanço maior de negócios no País, diz UBS
O interesse por oportunidades de investimento e negócios no Brasil continua grande e aumentou mesmo diante do cenário mais complexo que se desenha para a economia este ano, afirma o banco suíço UBS. No entanto, a dúvida sobre o rumo das contas fiscais nos próximos anos pesa, e explica o descompasso de visões entre as empresas e o setor financeiro da Faria Lima.
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O presidente do UBS no Brasil e responsável pela América Latina, Daniel Bassan, afirma que gestores veem grandes oportunidades no País diante do atual cenário geopolítico mundial. O que impede que esse diferencial competitivo seja ainda mais aproveitado é a incerteza sobre a trajetória da dívida pública. Hoje, o mercado não vê um horizonte concreto de estabilização ou mesmo queda da dívida pública como proporção do produto interno bruto (PIB). “O Brasil poderia estar em patamar tão bom se tivéssemos visão melhor da questão fiscal.”
Ainda há interesse pelos ativos brasileiros, que continuam se destacando na América Latina, apesar de a Argentina ter voltado mais recentemente ao radar dos investidores estrangeiros. O número de investidores internacionais na Latin America Investment Conference (Laic) este ano foi duas vezes maior que em 2024, ainda que a participação deles esteja distante da vista entre investidores locais, a grande maioria. A Laic é promovida pelo UBS e pelo UBS BB, banco de investimento que é uma sociedade entre o suíço e o Banco do Brasil.
Fusões e aquisições
Nos corredores do evento, entre empresários e investidores, foi forte a discussão sobre fusões e aquisições, que têm ganhando tração, mas a perspectiva é que as ofertas iniciais de ações (IPO, em inglês) continuem paradas. Para Bassan, se houver algum catalisador positivo no Brasil, essas operações podem voltar. Nesse ambiente, as discussões do evento, mesmo com o início do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, acabaram se concentrando mais em Brasil do que no exterior
Em dois dias, 28 e 29, quase 4 mil pessoas passaram pelo evento, que teve mais de mil reuniões individuais entre investidores e empresas. A demanda foi tanta que foi necessário reduzir o tempo de cada reunião, a fim de dar espaço para todas. A Laic deste ano foi a segunda promovida pelo UBS após a fusão com o Credit Suisse, fechada em meados de 2023. Além de executivos do conglomerado suíço e do UBS BB, a conferência foi reforçada pelo Banco do Brasil. O painel de abertura teve a presidente do BB, Tarciana Medeiros, e membros da alta cúpula do banco público participaram de reuniões e debates. No ano passado, a presença do BB foi menor.
Fonte: Estadão