Secretário de Trump propõe tarifa de 2,5% com aumento gradual para importações nos EUA
Aime Williams Demetri Sevastopulo
Washington | Financial Times
O secretário do Tesouro de Donald Trump, Scott Bessent, está promovendo novas tarifas universais sobre as importações dos EUA, começando com cobrança de 2,5% e aumentando o valor gradualmente, disseram quatro pessoas familiarizadas com a proposta.
A tarifa de 2,5% aumentaria na mesma proporção a cada mês, disseram os envolvidos, dando às empresas tempo para se ajustarem e aos países a chance de negociar com o governo do novo presidente dos EUA.
As tarifas poderiam chegar a até 20% —em linha com a posição de Trump na campanha do ano passado. Mas uma introdução gradual seria mais moderada do que a ação imediata que alguns países temiam.
Duas pessoas familiarizadas com as discussões disseram que não estava claro se Bessent havia convencido outros participantes centrais, incluindo Howard Lutnick, escolhido por Trump para secretário de comércio, a adotar sua proposta.
A política tarifária está no centro de intensos debates comerciais membros radicais e moderados do governo Trump. Bessent, investidor de Wall Street, foi confortavelmente confirmado como o próximo secretário do Tesouro dos EUA por 68 votos a 29 no Senado americano nesta segunda-feira (27).
Trump ameaçou impor tarifas de até 25% sobre importações do Canadá e do México já neste fim de semana, e nos últimos dias ameaçou a Colômbia com tarifas de 25% em uma disputa sobre deportados.
Outra pessoa familiarizada com o pensamento de Trump disse que ele estava avaliando diferentes opções, afirmando que não há um único plano que o presidente esteja pronto para escolher.
Enquanto Bessent e outros defensores da tarifa inicial mais baixa acreditam que isso daria tempo para países e empresas se ajustarem e negociarem, os críticos argumentam que uma taxa inicial mais alta enviaria uma mensagem mais clara.
Trump fez das tarifas altas um ponto central de sua retórica de campanha “América em Primeiro Lugar” no ano passado, prometendo em setembro “taxar” nações estrangeiras “em níveis que não estão acostumadas”.
Mas desde sua posse em 20 de janeiro, a principal ação do presidente foi publicar um memorando delineando investigações sobre a política comercial dos EUA, a causa dos déficits comerciais do país e se os concorrentes estão manipulando moedas e tributando injustamente as empresas americanas.
Quando questionado por repórteres na semana passada sobre se planejava introduzir tarifas universais, Trump respondeu: “Podemos. Mas ainda não estamos prontos para isso.”
Analistas e advogados comerciais disseram que Trump poderia impor tarifas universais rapidamente usando poderes executivos, como a IEEPA (Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, na sigla em inglês), que permite ao presidente responder a emergências por meios econômicos.
No entanto, especialistas em comércio também alertaram que o uso da IEEPA para emitir tarifas amplas provavelmente enfrentaria desafios legais por parte de grupos empresariais.
Trump, que há muito tempo critica o déficit comercial dos EUA, sugeriu que as tarifas seriam uma maneira de aumentar a receita do país.
Em vez de taxar nossos cidadãos para enriquecer outros países, tarifaremos e taxaremos países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos”, disse ele em seu discurso inaugural.
Trump disse na segunda-feira que planejava impor tarifas sobre semicondutores, metais e produtos farmacêuticos na tentativa de fazer com que as empresas os produzissem nos EUA.
Em suas audiências de confirmação no Senado dos EUA na semana passada, Bessent disse que o governo Trump usaria tarifas para combater práticas comerciais desleais, aumentar as receitas do governo dos EUA e fechar acordos com países estrangeiros. A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário.
Fonte: Folha de São Paulo