McCain ‘frita’ relatório de equidade do Ministério do Trabalho
Famosa pelas batatas e congelados, companhia aponta falhas na compilação de dados e nega pagar mais para homens
A canadense McCain, líder na produção de batatas pré-fritas e de congelados, aponta falhas e erros de metodologia no relatório de equidade salarial compilado pelo Ministério do Trabalho.
Segundo o documento, as mulheres na McCain ganham 74,5% a menos do que homens na fábrica de Araxá (MG) e 82% na unidade de São Paulo.
De acordo com o relatório, a unidade [em MG] possui 100% de seu quadro formado por homens (o que não é realidade) e, mesmo assim, o Ministério do Trabalho conseguiu de alguma forma comparar a remuneração de homens e mulheres (que para eles seriam inexistentes na empresa)”, diz a empresa em seu próprio site.
“É muito claro que o relatório do Ministério do Trabalho possui erros, não reflete a realidade da empresa e não pode ser utilizado como base para qualquer informação.”
Segundo a McCain, a publicação dos comentários em sítio foi necessária diante da obrigatoriedade legal da empresa em dar publicidade aos relatórios elaborados pelo governo.
A fabricante diz ainda que há ainda outras falhas metodológicas. A principal é a utilização de dados estatísticos de 2022, sem separar empregadas e empregados que exercem a mesma função.
“O Ministério do Trabalho comparou a remuneração de todos os empregados que ocupam posições técnicas de nível médio, o que inclui empregados que exercem cargo de gestão executiva e empregados com cargo de função operacional, funções claramente incomparáveis.”
A McCain afirma que, se os dados fossem tabulados de forma correta, não haveria disparidade salarial entre empregadas e empregados que exercem as mesmas funções.
A companhia defende a lei que incentiva a equidade salarial e informa que o tratamento igualitário, e sem qualquer discriminação de gênero, faz parte de sua missão e valores.
“A McCain possui diversas mulheres em posições de liderança.”
A fabricante informa ainda ter plano de carreira e políticas que garantem a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens.
A companhia possui 51 fábricas de alimentos congelados, mais de 20 mil colaboradores e um faturamento global de US$ 7 bilhões.
Em nota, o Ministério do Trabalho disse que vai recorrer de todas as medidas de empresas contra os relatórios de equidade salarial. Sobre as críticas da McCain, disse que a empresa declarou “apenas o quesito raça cor para dois empregados”, o que justifica a discrepância nos dados.
“De fato não há diferença de salário de contração (100,0%), mas pelos dados enviados pela empresa, há diferenças de remuneração que podem estar sendo explicadas pelas diferenças de produtividade (cumprimento de metas de produção), existência de plano de cargos e salários e diferenças no tempo de permanência na empresa, aspectos que são citados”, afirmou a pasta. Com Diego Felix
Fonte: Folha de São Paulo