‘Plataformas digitais precisam de regulação global porque arrebentam a economia’, diz Mercadante

RIO – O presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira, 29, que o mundo precisa regulamentar globalmente a atuação de grandes plataformas digitais, porque elas estariam “arrebentando” a economia e as relações sociais dos países.
“As grandes plataformas digitais estão arrebentando a economia do varejo. Estão entrando no audiovisual. Essa máquina das fake news está arrebentando as relações sociais. A regulação é um tema global e um país sozinho não tem como fazer. O G20 deveria pautar esse tema e fazer sugestões mais ousadas. Precisamos de regulação democrática e mais equilíbrio entre as nações”, disse.
O presidente do BNDES fez as afirmações no seminário Pensando o G20: uma ordem global para o amanhã, organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão e o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
O evento faz parte do calendário prévio da reunião de países, que vai acontecer em novembro de 2024, no Rio de Janeiro. O Brasil vai presidir o grupo a partir de dezembro deste ano.
Antes, Mercadante fez longo discurso para defender o foco do G20 à crise climática e metas ambiciosas nessa seara. Ele defendeu que o Brasil se comprometa a ser o primeiro país do bloco a zerar emissões.
Para ele, o governo brasileiro deveria apresentar uma proposta ambiental ambiciosa já na COP-28 e na próxima assembleia das Nações Unidas. O Brasil vai presidir o conjunto das 20 maiores economias do mundo a partir de dezembro próximo e, em 2024, vai receber sua cúpula no Rio de Janeiro.
“Ou a gente põe foco na crise climática ou vamos fazer só mais um belo momento na história do G20, enquanto o planeta precisa de mais do que isso. O planeta precisa de governança e essa (G20) talvez seja uma das instâncias mais relevantes. Precisamos eleger prioridade e definir foco”, disse Mercadante.
Ele mencionou a necessidade de um amplo programa de reflorestamento no Brasil e demais países amazônicos, a ser financiado por nações de todo o mundo. “Precisamos de renda internacional que viabilize esse programa. Nossa meta tem de ser replantar 50 milhões de hectares. Isso significa barrar o arco do fogo”, disse. Metade disso, afirmou, pode ser feita com árvores produtivas e, a outra metade, com árvores nativas.
O presidente do BNDES falou ao lado do economista norte-americano Jeffrey Sachs. Em sua explanação, Sachs disse que o foco do grupo deve ser o financiamento dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas, que pouco avança e não conta com interesse efetivo do governo dos Estados Unidos.
Em dado momento, o economista sugeriu que seu país de origem, “viciado em unipolaridade”, deveria ser deixado de lado para que o mundo avance em seus objetivos, por exemplo, climáticos, contando com outras fontes de financiamento, que poderiam vir de China, Oriente Médio ou bancos multilaterais, os quais, defendeu, devem se apresentar.


Fonte: Estadão

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