Pedido de revisão em política da Petrobras se espalha por setores da economia
Indústrias afetadas reclamam do aumento dos preços dos combustíveis e do asfalto
São Paulo
As pressões por revisão na política de paridade internacional de preços da Petrobras deixaram de ser um discurso vinculado aos caminhoneiros e começam a se espalhar por diversos setores da economia.
Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da ABCR (associação de concessionárias de rodovias), diz que há um alerta vermelho no setor em relação ao aumento nos preços.
\”O setor de concessão de rodovias reconhece que o aumento expressivo do preço do CAP [cimento asfáltico de petróleo] nos últimos meses tem prejudicado as concessões. Isso impacta a sustentabilidade financeira dos projetos\”, diz.
Barcelos diz que as empresas estudaram importar o asfalto da Rússia, mas foram impedidas pela guerra.
\”Nós estamos reféns de uma atuação praticamente monopolista. A Petrobras é a única provedora nacional desses insumos e todo o setor fica refém da política que ela estabelece em relação a esses insumos\”, diz.
O diretor da ABCR afirma que há conversas com o Ministério da Infraestrutura e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) sobre alternativas para contornar a situação, que atinge contratos vigentes e futuros.
\”Se não houver um equacionamento, os governos vão começar a enfrentar problemas de competitividade nas licitações das concessões de rodovias. Ou vai reduzir o número de empresas interessadas porque o preço está muito alto ou vamos correr o risco de ter licitações desertas\”, diz.
José Carlos Martins, presidente da CBIC (indústria da construção, que também foi atingida pelo aumento do diesel e do asfalto), reclama de monopólio.
\”A Petrobras é o único monopólio, real, sem regulação. Funcionários e acionistas decidem o quanto o brasileiro irá pagar. Estão somente preocupados com seus salários e dividendos\”, diz.
Fonte: Folha de São Paulo