Exportações da indústria de alimentos devem superar US$ 42 bilhões em 2021

Setor foi favorecido por vacinação e retomada do food service, diz presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos

Estimuladas pelo cenário de expansão da demanda mundial e favorecidas pela taxa de câmbio, as exportações brasileiras de alimentos industrializados permaneceram em tendência de crescimento em 2021. O impulso pode levar as vendas ao exterior a ultrapassar o nível de US$ 42 bilhões em 2021, ante os US$ 38,2 bilhões em 2020, afirmou João Dornellas, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA).

A demanda mundial aquecida, por outro lado, pressionou custos de produção. Os preços das commodities agrícolas continuam altos, há restrição na oferta de insumos — entre os quais os materiais de embalagens —, e os preços de energia elétrica, combustíveis e o frete marítimo permanecem em patamares elevados.

No ambiente doméstico, o setor alimentício foi positivamente impactado pelo avanço do programa de vacinação e pela retomada da alimentação fora de casa (food service). O maior controle da pandemia permitiu a reabertura gradual do setor de serviços e favoreceu a reativação de negócios, explicou o dirigente.

Tudo somado, a expectativa da entidade é de que a indústria de alimentos deva encerrar 2021 com aumento no volume de vendas da ordem de 3%.

Para 2022, as perspectivas de Dornellas são positivas, a despeito das incertezas relativas à pandemia e dos gargalos provocados pelos custos de produção. “Há expectativa de recuperação total do setor de food service, o que pode alavancar as vendas no mercado interno. As exportações de alimentos industrializados deverão permanecer em alta, por conta da crescente demanda global, assim como o setor deverá permanecer em posição de destaque como o que mais gera empregos na indústria de transformação do Brasil”, disse.

Regulação
No que tange à agenda regulatória da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a ABIA se disse comprometida com o trabalho de implementação da rotulagem nutricional e a nutricional frontal. As novas regras entram em vigor em outubro de 2022. Ações educativas para os consumidores também integraram a to do list da associação em 2022.

Há ainda as discussões sobre regulação de produtos plant based — fabricados a partir de proteínas vegetais análogas. Caso seja necessária, a entidade afirmou defender uma regulação que não impeça a “inovação” na indústria brasileira de alimentos e bebidas.

Reforma tributária
A reforma tributária é o foco de atenção da associação na política. Dornellas citou estudo feito pela ABIA em parceria com a FIPE o qual indicou que a média da carga tributária sobre os alimentos industrializados no Brasil é de 23%.

Para os produtos da cesta básica, a carga média de tributos é de 9,8% — a maior em relação às dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “A média da carga de tributos sobre os alimentos no Brasil é uma das mais altas do mundo. É imperativo que tenhamos um sistema tributário mais simples e que não onere o consumidor naquilo que é básico para qualquer cidadão: a sua alimentação”, opinou.

Arthur Guimarães – Repórter em São Paulo


Fonte: JOTA

Traduzir »