Greve dos auditores fiscais já paralisou 75 mil remessas, diz frente parlamentar

Sindicato da categoria afirma que esse é um resultado inevitável diante da falta de negociação; ministério diz que topo da categoria já ganha R$ 42,7 mil

Stéfanie Rigamonti

São Paulo

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal por reajuste salarial, que se estende desde novembro do ano passado, já causou a paralisação de cerca de 75 mil remessas de mercadorias para exportação e importação nos terminais alfandegários do Brasil.

A estimativa é da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado com base em dados de empresas do setor de remessas expressas. Segundo parlamentares do grupo, a paralisação está provocando um colapso no comércio exterior brasileiro e prejuízos bilionários para empresas e consumidores.

Esses atrasos não afetam apenas as empresas de logística, mas destroem a competitividade do Brasil no mercado global”, afirmou o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), presidente da frente.

“Produtos essenciais, como kits laboratoriais e peças industriais, estão presos nos depósitos, prejudicando as cadeias produtivas e colocando pequenas e médias empresas em risco”.

Procurado, o presidente do Sindifisco (sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal), Dão Real, disse que a entidade representativa não tem os dados das perdas provocadas pela greve. Mas afirmou que as estimativas dos parlamentares são factíveis.

Atualmente, apenas 30% do efetivo dos auditores federais continuam em operação para garantir a entrega de produtos considerados prioritários, como medicamentos, alimentos e cargas vivas.

Somado a isso, como parte das reivindicações, os auditores fiscais colocaram em prática a operação-padrão, na qual a fiscalização é mais rigorosa, atrasando ainda mais as remessas.

O objetivo da greve não é gerar atrasos, mas esse tipo de dano é inevitável diante da falta de negociação” do Ministério da Gestão e da Inovação, diz Real. “Todas as categorias foram atendidas em suas reivindicações no ano passado, somente os acordos com os auditores fiscais não foram cumpridos”.

Segundo Dão Real, diante dos prejuízos e das reclamações por parte de empresas, o Ministério da Fazenda tem buscado intermediar as discussões em busca de uma solução.

Procurado, o Ministério da Gestão disse que não há previsão de novas negociações com a categoria. Segundo a pasta, houve um acordo com as entidades representativas dos auditores fiscais da Receita em fevereiro do ano passado, em mesa que tratou da regulamentação do bônus, que teve impacto financeiro para os servidores já em 2024.

O ministério diz que esse acordo resultou em uma remuneração total para quem está no topo da carreira (somando vencimentos e bônus) que pode chegar a R$ 42,7 mil.

“O MGI permaneceu dialogando com o Sindireceita e o Sindifisco Nacional, que foram recebidos em mais quatro ocasiões, entre agosto e novembro de 2024, mas tendo em vista que já houve acordo em 2024 não há previsão de novas negociações com a categoria”, afirma. Não há previsão de encerramento da greve da categoria.


Fonte: Folha de São Paulo

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