Governo e Senado discutem gatilhos para CSLL
Contribuição sobre lucro seria aumentada caso conta para cobrir desoneração não feche
Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, discutem a possibilidade de um novo projeto de lei prevendo gatilhos para o aumento da CSLL (Contribuição Sobre Lucro Líquido) caso as medidas geradoras de receita em tramitação no Congresso não surtam o efeito necessário.
Em jogo está a necessidade de se levantar R$ 26 bilhões neste ano como medida compensatória pela manutenção da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia.
A ideia é que o aumento máximo da alíquota da CSLL seja de 0,8% para todos os setores da economia, mas ela poderá ser menor dependendo do déficit das contas.
Para isso, o Congresso terá de se comprometer a aprovar um projeto de lei prevendo a criação dos gatilhos da CSLL, que entraria em vigor, na melhor das hipóteses, no início de 2025.
Isso porque o aumento exige noventena —período de carência de três meses para sua vigência. Diante do calendário do Congresso e do período eleitoral, tudo indica que esse projeto ficaria para o fim do ano.
Para a Fazenda, as medidas em curso não serão suficientes para cobrir o buraco e, sem equilibrar essa conta, a desoneração não poderá vigorar por força de uma exigência do Supremo Tribunal Federal Supremo Tribunal Federal.
Hoje, existem três alíquotas de CSLL em vigência. Instituições financeiras bancárias arcam com 21%, as não bancárias pagam 15% e os demais setores, 9%.
Um aumento de um ponto percentual na CSLL seria capaz de gerar somente R$ 16,8 bilhões em receitas.
Para a Fazenda, há um risco. Uma elevação dessa alíquota vai gerar um aumento de juros no crédito bancário no momento em que o crédito retomou o fluxo pré-pandemia.
Hoje a CSLL responde por 30% da cunha fiscal embutida na captação dos recursos. A alta faria essa cunha dobrar, segundo cálculos de algumas instituições.
Com isso, haveria repasse para os juros, o que pode gerar um efeito rebote e segurar o crescimento do crédito e, por tabela, da economia. Com Diego Felix
Fonte: Folha de São Paulo