Neutralizar carbono é opção e custa; mercado não leva isso em conta, diz CEO da Natura

O CEO da Natura e da Natura & Co para a América Latina, João Paulo Ferreira, disse ao Broadcast que hoje o mercado não dá melhores condições de crédito e de valor para empresas que trabalham com responsabilidade socioambiental. Em sua visão, a regulamentação do governo em relação aos impactos negativos causados pelas empresas é fundamental para que agentes financeiros consigam quantificar o custo desses problemas.

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“Se queremos incentivar a iniciativa privada a desenvolver soluções socioambientais corretas dentro dos seus negócios, é preciso que os instrumentos institucionais sejam favoráveis do ponto de vista regulatório, de crédito ou de impostos. Porque isso custa. É um custo que uma empresa pode não incorrer hoje, mas, nesse caso, ela distribui a conta de forma difusa para a sociedade”, avalia Ferreira.

Ele disse que a Natura investe dezenas de milhões de reais para neutralizar suas emissões de carbono. “Não é uma obrigação, é uma escolha. Eu acho que uma empresa que não seja carbono neutro no futuro será considerada pouco civilizada”, afirma.

Em sua visão, a regulamentação sobre “externalidades”, impactos que as empresas causam na sociedade e no meio ambiente, poderia levar a uma melhor precificação das ações positivas de companhias nesse sentido. “O governo tem papel relevante de mudar marcos regulatórios que vão forçar os agentes econômicos a valorar essas externalidades”, avalia.

Urgência

A diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciana Costa disse ao Broadcast que o país precisa ter urgência na regulação do mercado de carbono, justamente para motivar nos agentes de mercado um olhar do quanto a falta de compensações ou reduções de emissões pode custar. Ela vê ainda que, para inserir o Brasil de modo competitivo no cenário mundial, isso é fundamental. O mundo está levantando barreiras. Temos de ser eficientes e aprovar essa legislação porque outros países têm capacidade fiscal maior do que o Brasil e estão subsidiando produtos”, disse.


Fonte: Estadão

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