Guerra em Israel é choque econômico de que não precisávamos, diz chefe do Banco Mundial

Para FMI, ainda é cedo para prever escala do conflito e seu impacto; órgãos demonstram apreensão

Fernando Narazaki
SÃO PAULO
O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou nesta terça-feira (10) que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas é um choque econômico mundial desnecessário que tornará mais difícil para os bancos centrais conseguirem um pouso suave em muitas economias, caso se espalhe.
\”É uma tragédia humanitária e um choque econômico de que não precisávamos\”, disse Banga à Reuters durante a reunião anual do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Banga relembrou que as economias dos países estavam começando a se recuperar após as dificuldades enfrentadas desde o início da pandemia de Covid-19 e seguidas pela guerra na Ucrânia, antes de o conflito estourar no Oriente Médio.
\”(Os bancos centrais estavam) começando a se sentir um pouco mais confiantes de que havia uma oportunidade para um pouso suave, e isso só dificulta as coisas\”, afirmou Banga. Ele teme os efeitos do confronto caso ocorra a extensão para outros países ou se tiver uma duração longa. \”Seria uma crise de proporções inimagináveis\”, avaliou.
No mesmo evento, o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que é cedo demais para dizer como a escala do conflito afetará a economia: \”Dependendo de como a situação se desdobrar, há muitos cenários diferentes que ainda nem começamos a explorar, então ainda não podemos fazer qualquer avaliação nesse momento\”, disse.
Gourrichas divulgou nesta terça-feira o relatório Perspectiva Econômica Global, com as previsões do fundo para as economias do mundo, mas o temor com o conflito entre Israel e Hamas não foi incluído no documento, pois ele foi concluído em 26 de setembro, antes do estouro do conflito.
Na segunda-feira, o Banco Mundial alertou aos funcionários, em memorando interno, que está seriamente preocupado com a \”escalada chocante\” da violência no conflito entre israelenses e palestinos.
O documento citou uma \”devastadora perda de vidas, destruição e grande número de vítimas civis de ambos os lados\”, mas expressou apoio ao trabalho do banco em Gaza e na Cisjordânia.
\”O Banco Mundial e nossos parceiros de desenvolvimento têm trabalhado há muito tempo para apoiar as pessoas mais pobres e vulneráveis na Cisjordânia e em Gaza, e continuamos comprometidos em construir as bases para um futuro mais estável e sustentável\”, disse.
A expectativa é que a reunião anual de 9 a 15 de outubro em Marrakech se concentre fortemente no aumento de recursos para o FMI e o Banco Mundial, mas a atenção de muitos participantes no primeiro dia se voltou para a possibilidade de um conflito mais amplo.
\”Estamos todos muito surpresos com a magnitude das baixas em ambos os lados\”, afirmou Anna Bjerde, diretora administrativa de operações do Banco Mundial, em entrevista à Reuters.
O conflito já elevou os preços do petróleo e provocou uma corrida para ativos de segurança, como o ouro, o que pode prejudicar as economias em desenvolvimento.
A expectativa é que a reunião anual de 9 a 15 de outubro em Marrakech se concentre fortemente no aumento de recursos para o FMI e o Banco Mundial, mas a atenção de muitos participantes no primeiro dia se voltou para a possibilidade de um conflito mais amplo.
\”Estamos todos muito surpresos com a magnitude das baixas em ambos os lados\”, afirmou Anna Bjerde, diretora administrativa de operações do Banco Mundial, em entrevista à Reuters.
O conflito já elevou os preços do petróleo e provocou uma corrida para ativos de segurança, como o ouro, o que pode prejudicar as economias em desenvolvimento.


Fonte: Folha de São Paulo

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