Caos’ causado por pandemia e guerra dificulta recuperação econômica

Em 1º. de março de 2020, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a pandemia da covid-19. O mundo entrou em letargia, frente a um cenário complexo e desafiador. Quase dois anos depois, quando o quadro sanitário mostrava arrefecimento, aconteceu a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022. O conflito completou um ano semana passada, e continua gerando uma crise humanitária relevante e risco crescente para o funcionamento da economia e dos mercados.
É um cenário que reforça a necessidade do senso de urgência dos líderes mundiais para uma solução pacífica. A guerra não teve efeitos econômicos localizados, regionais. Ela instalou um elemento desorganizador que permanece se espalhando para a economia global, pois os discursos continuam agressivos e o tom é de ameaças crescentes.
De imediato, coloca por terra as esperanças de uma recuperação econômica sólida após os efeitos perversos da pandemia. O combate à covid-19 exigiu aumento dos gastos públicos, e o desequilíbrio fiscal é hoje uma realidade em todas as economias. É essa conta que está, agora, sobre a mesa. Os países precisam encontrar com rapidez meios de reequilibrar suas finanças, simultaneamente ao esforço de domesticar a inflação provocada pela guerra. Não é um problema trivial.
A solução dos problemas é técnica, mas seria necessário eliminar as fontes de incerteza remanescentes, a começar pela reconstrução de um estado de paz entre os povos. Essa é uma condição essencial para a retomada de um ambiente favorável para a volta do crescimento sustentado da economia global.
Existe o problema subjacente dos conflitos latentes em contenciosos históricos, que estão se acirrando. O prolongamento da guerra na Ucrânia vai cristalizando o mundo, na prática, em dois blocos antagônicos. O liderado pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, de um lado, e o encabeçado pela China, com países como Rússia e Irã em sua órbita.
De qualquer ângulo de análise do atual cenário global, o caminho do diálogo ainda é o mais eficiente no combate às desigualdades entre países ricos, emergentes e pobres.
No seu livro “A marcha da insensatez”, a historiadora Barbara Tuchman (1912-1989) ilustra bem a inércia desse tipo de guerra. Em estágio de impasse, os governantes tendem a optar por ações autodestrutivas pela dificuldade em aceitar as limitações das armas.


Fonte: Estadão

Traduzir »