Mercado tem alívio com PEC da Transição desidratada na CCJ, mesmo com exterior ruim

Os ativos domésticos demoraram a encontrar um consenso neste dia dedicado à apresentação, debate e votação na CCJ do Senado da Proposta de Emenda à Constituição que abre espaço para a ampliação do Bolsa Família. Se pela manhã a aposta em uma desidratação dos excessos do texto conduziu um alívio, na segunda etapa os mercados reagiram pontualmente ao sinal mais claro de que seria cortado o adicional ao teto de gastos.

No meio da tarde, o senador Jaques Wagner (PT-BA) explicou qual seria o desenho final que o PT concordava e que acabou prevalecendo: em vez de elevar o teto em R$ 175 bilhões, a proposta era de ampliá-lo em R$ 145 bilhões, bem como haveria uma diminuição do período para que o futuro governo apresentasse o novo arcabouço fiscal. Fora do teto ficaram os R$ 23 bilhões para investimentos, bem como algumas despesas relacionadas ao ensino superior, à pesquisa, a projetos socioambientais e às operações financeiras com organismos multilaterais.
O texto foi aprovado por unanimidade às 17h35, e foi só aí que o mercado embalou. Como os fechamentos de juros e dólar à vista ocorreram antes, às 17h, não conseguiram capturar todo o efeito. As taxas futuras terminaram a sessão regular em alta, mas cederam na estendida. O dólar à vista baixou a R$ 5,2697 (-0,25%) enquanto o futuro acentuou a baixa. E a Bolsa subiu aos 110.188,57 pontos, valorização de 0,72%, com ritmo melhor nos minutos finais.
Todo esse debate da PEC acabou neutralizando o noticiário externo, em dia de forte aversão ao risco lá fora. Ações de tecnologia lideraram as perdas nas Bolsas de Nova York, mas o setor financeiro, penalizado com a perspectiva de recessão econômica num futuro próximo, também deu sua contribuição negativa. Assim, entre os índices, Nasdaq cedeu 2,00%, Dow Jones recuou 1,03% e S&P 500 caiu 1,44%. Destaque também à queda forte do Brent, que fechou abaixo de US$ 80 pela primeira vez desde janeiro.
“Apesar da boa recuperação econômica e de a inflação (nos EUA) apresentar algum sinal de melhora, o Federal Reserve deve seguir, em menor intensidade, com o aperto monetário, o que deve impactar os dados de atividade econômica no quarto trimestre de 2022 e pode penalizar os ativos de risco”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, destacando que as bolsas americanas vêm de um rali iniciado ainda em meados de outubro.


Fonte: Estadão

Traduzir »