Mercado vê forte expansão de CPR 3.0 mas sugere alguns ajustes no título
O mercado das Cédulas de Produto Rural (CPR) 3.0 – que poderão ser emitidas também por revendas de insumos agrícolas e de máquinas, entre outros agentes, além de produtores rurais – deve passar por forte crescimento em 2023, avaliam executivos de bancos e especialistas. O Itaú BBA, que fez as duas primeiras operações de CPR 3.0, formalizou 32 delas desde a criação do produto, em julho, até o fim de setembro. Elas somaram R$ 600 milhões em crédito, diz Pedro Fernandes, diretor de Agronegócios. “Até 2023, o mercado chegará a algo como R$ 50 bilhões, mais ou menos um quinto de todas as CPRs.” Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander, vê cenário parecido: de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões em um ano.
Título facilita captação por empresas
A CPR 3.0 é menos burocrática que outros títulos e é isenta de IOF. Também tem potencial para ser usada na emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio, quando for preciso captar montante maior de dinheiro, diz Renato Buranello, sócio da VBSO Advogados.
Alterações em regras impulsionariam papel
A CPR 3.0 poderia atrair recursos de investidores se a legislação fosse clara sobre permitir que Fiagros (fundos para a cadeia do agro) invistam no papel – hoje há restrições, segundo os executivos. Também restam dúvidas sobre tradings poderem tomar crédito emitindo CPR 3.0.
Flor do campo
A Caramuru, que processa soja, milho, girassol e canola e tem vários produtos nas gôndolas dos mercados, pretende comprar em 2023 o dobro do volume de girassol adquirido neste ano. Serão 80 mil toneladas produzidas no Brasil, ante 37,5 mil em 2022. Para garantir quantidade, vem orientando produtores sobre a melhor época de plantio e estimulando a migração de parte da área de milho para o girassol, cujo custo é mais baixo, diz Túlio Ribeiro Silva, coordenador de Negócios.
Óleo nacional e farelo
A empresa trabalha há mais de 20 anos com girassol, mas há 3 reforçou o estímulo à produção, com assistência técnica a produtores de Goiás, Minas e Mato Grosso. Em dois anos, quer chegar a 49 mil toneladas de óleo, a partir de 125 mil t do grão. Em 2022, serão 15 mil t de óleo da marca Sinhá, de 100 mil consumidas no País. A Caramuru, a única a vender óleo de girassol cultivado no País, tem avançado também no mercado de farelo.
Gergelim dourado
O faturamento da Atlas Agro, empresa focada na exportação de gergelim criada pela Shift Capital, pode superar R$ 1 bilhão em cinco anos, quase sete vezes os R$ 130 milhões esperados com as exportações de 12 mil toneladas colhidas em 2022. Até lá, a empresa pretende atingir 100 mil toneladas de gergelim enviadas ao exterior, 10% do total de 1 milhão que o Brasil deve exportar, segundo Bernardo Garcia, presidente da Atlas Agro e sócio-fundador da Shift Capital.
Mais dinheiro
Fundada há dois anos, a Atlas Agro emitiu em setembro um Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA) de R$ 81 milhões e levantou mais R$ 30 milhões com a própria Shift Capital para financiar a compra de grãos especiais, como o gergelim, de produtores do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Garcia diz que no ano que vem deve captar mais recursos, por um novo CRA, para financiar a compra de 30 mil toneladas de gergelim, o dobro deste ano. O número de produtores, hoje de 150, também vai crescer.
Agro inteligente
A Agrotools, empresa de tecnologia para o agronegócio, vai expandir sua base de dados para mais de dez países. Acabou de captar R$ 100 milhões e fechou uma parceria com a norte-americana ESRI, do mercado de softwares de informações geográficas. Agora, os clientes da Agrotools terão acesso a mapas e ferramentas de alcance global para melhorar o desempenho no campo. Hoje, a empresa abrange 4,5 milhões de territórios rurais com foco no Brasil e na América Latina.
Ex-ministro diz que proposta da UE ‘não levará a nada’
Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da FGV e ex-ministro da Agricultura, diz que, apesar de “nobre”, a proposta de lei aprovada pelo Parlamento Europeu proibindo a importação de produtos agrícolas de áreas desmatadas “não vai triunfar”. Ele lembra que a OMC pode ser acionada caso o bloco dê aval à medida.
União Europeia está de olho no etanol brasileiro
A Bonsucro, que certifica usinas para exportar açúcar e etanol à União Europeia e tem sede em Londres, confere, a partir desta segunda-feira, oportunidades em Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, principal região produtora do biocombustível. Até setembro deste ano, o volume que o Brasil enviou à Europa subiu mais de 300%.
Fonte: Estadão