O que muda no mercado de criptomoedas após a fusão da Ethereum
Blockchain foi atualizada para reduzir consumo de energia do sistema em até 99,95%
A Ethereum concluiu uma atualização há muito esperada em seu sistema, num movimento que deve reduzir seus custos de energia e preparar o terreno para um uso maior da tecnologia de criptografia nas finanças convencionais.
A atualização, conhecida na indústria como \”Merge\” (Fusão) e que muda a forma como novas transações são verificadas na blockchain Ethereum, foi concluída na quinta-feira (15), disse o cofundador Vitalik Buterin.
A Ethereum alimenta grandes áreas do mundo Web3, que inclui aplicativos como colecionáveis digitais e sistemas financeiros descentralizados.
O evento, prometido pelos desenvolvedores há muitos anos, foi aclamado pelos fãs como um dos momentos mais significativos na curta história das criptomoedas. Eles planejaram \”festas de fusão\” em cidades em todo o mundo e acompanharam festas pelas redes sociais.
\”Este é o primeiro passo na grande jornada da Ethereum para ser um sistema muito maduro. Ainda faltam etapas\”, disse Buterin aos desenvolvedores.
A Fusão marcou um teste de alto risco para o setor de criptomoedas, depois que a queda dos preços dos tokens nesta primavera eliminou US$ 2 trilhões (R$ 10,3 trilhões) do valor dos ativos digitais e abalou a confiança no mercado.
Mudar a arquitetura que sustenta a criptomoeda ether, de US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão), o principal token da blockchain Ethereum, e mais dezenas de bilhões de ativos e aplicativos relacionados é cheio de riscos, de problemas técnicos a disputas entre os participantes da rede descentralizada, mesmo após a fusão ser concluída.
Seus apoiadores esperam que uma fusão bem sucedida aumente a confiança na Ethereum, lançada em 2015 pelo programador russo-canadense Buterin, e nos inúmeros tokens e projetos executados em sua blockchain, bem como abafe as críticas sobre seu consumo de energia.
No entanto, os desenvolvedores da Ethereum disseram que precisariam monitorar a rede nas próximas horas e dias para garantir que a atualização funcione sem problemas.
\”É uma tarefa complicada\”, disse Edouard Hindi, diretor de investimentos do fundo de hedge cripto Tyr Capital. \”Um detalhe esquecido (…) pode gerar muita volatilidade, e o mercado está em clima de pânico.\”
A Fusão representa apenas um passo em um plano esboçado pelos desenvolvedores da Ethereum para superar os limites da capacidade da rede, que são vistos como um grande obstáculo para alcançar a adoção generalizada de finanças descentralizadas.
\”[A Merge] resolve um problema, mas não resolve muitos outros\”, disse Lars Seier Christensen, cofundador do Saxo Bank, que hoje administra um projeto de blockchain chamada Concordium.
A Ethereum, como o bitcoin, até agora dependia de participantes da rede resolverem problemas matemáticos complexos para validar novos blocos, processo chamado prova de trabalho. O consumo de energia da Ethereum era semelhante ao da Finlândia.
Fonte: Folha de São Paulo