Brasil é campeão em fraudes e temor de manipulação ESG, diz PwC
Ana Paula Grabois
O Brasil é campeão em fraudes e crimes econômicos e também esteve à frente na preocupação com manipulações em relatórios ESG (sigla para indicadores ambientais, sociais e de governança, em inglês), em relação a vários outros países. Segundo pesquisa global da consultoria PwC de 2022 sobre crimes e fraudes corporativos, 62% das organizações brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de fraude ou outro crime econômico nos últimos 24 meses. O porcentual no mundo correspondeu a 46%. Já 70% das empresas têm medo que as fraudes em relatórios ESG se originem dos próprios funcionários. Outros 74% temem que venham de concorrentes e 73% de terceiros. Na média mundial, as taxas são mais baixas e não chegam nem à metade dos entrevistados: ficam em pouco mais de 40%.
Tema ESG ganha espaço, mas faltam regulação e punição
Para o sócio da PwC Brasil Leonardo Lopes, o tema ESG tem ganhado espaço no País, mas faltam regulação e punição. Outro ponto que mostra a diferença entre as corporações do Brasil com as de outros países é a dificuldade em quantificar e monitorar os indicadores ESG ao longo de toda a cadeia produtiva. Segundo o levantamento, para 71% das empresas brasileiras ouvidas, o maior desafio relacionado à gestão de riscos ESG é a incapacidade de monitorar ou relatar com precisão as métricas da área de parceiros terceirizados. No mundo, o porcentual é de 42%.
Na visão de Lopes, o tema é importante por se tratar da influência de grandes empresas sobre a cadeia de fornecedores. “Nossa pesquisa revela que 38% das empresas brasileiras ouvidas possuem iniciativas voltadas para gestão de riscos relacionada a terceiros. Em 2020, outro dado desse mesmo levantamento indicava que 50% das companhias entrevistadas não tinham programa de gestão de risco voltado para esse público”, diz.
País ficou bem acima da média global em fraudes pela primeira vez
É a primeira vez que o Brasil fica tão acima na média global, em relação a fraudes gerais. Na edição de 2020, o Brasil tinha taxa de 46%, enquanto a taxa global era de 47%. Em 2018, os relatos de crimes e fraudes no País corresponderam a 50% dos entrevistados. No mundo, a média ficou em 49%.
Para a PwC, as maiores taxas relatadas pelas empresas brasileiras têm relação com a maior maturidade corporativa em relação às políticas de compliance e mecanismos para detecção de eventos que possam configurar riscos. Outro fator é o aumento da digitalização durante a pandemia da covid-19.
Outro ponto que pode ter contribuído, segundo Lopes, é a redução de investimentos em compliance nas empresas brasileiras em conjunto com a pressão por resultados no cenário desafiador que a pandemia trouxe. A pesquisa da PWC contou com 1.296 empresas participantes em 53 países, incluindo o Brasil.
Fonte: Estadão