Brasil vira destaque em aquisições e atrai empresas estrangeiras atrás de comprador
Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
Com o mercado de fusões e aquisições muito aquecido por aqui – e a expectativa de mais de 2 mil negócios este ano – empresários no exterior colocam companhias e investidores brasileiros no radar como potenciais compradores para seus negócios. O movimento acontece especialmente nas áreas de call center, alimentos, prestação de serviços em telecom e energia elétrica, segundo a Fortezza Partners, butique independente especializada em transações entre empresas de médio porte.
No passado, grandes companhias, como AmBev, Gerdau, Marfrig, JBS foram às compras no exterior. Agora, os próprios estrangeiros, donos de empresas de médio porte, passaram a sondar a possibilidade de achar um comprador aqui.
Brasileiros fizeram 58 operações nos EUA em 2021
Em janeiro e fevereiro, empresários brasileiros fizeram seis transações nos Estados Unidos e mais duas na Argentina e duas na Colômbia, segundo dados da consultoria internacional Transactional Track Record (TTR). Em 2021, foram 58 negócios no mercado americano, seguido pela Argentina com 17 operações e México com 16.
O movimento inverso também tem acontecido: mais estrangeiros têm se debruçado sobe ativos no Brasil. Nesse ambiente, a guerra na Ucrânia, que afetou as ofertas de ações no País e no mundo, não mexeu, por enquanto, no mercado de fusões e aquisições. Os M&As podem crescer de 10% a 20%, com mais de 2 mil negócios no ano, estima a Fortezza.
Em 2022, os EUA, com 44 negócios, e Reino Unido, com oito operações, são os estrangeiros que mais fizeram investimentos no Brasil, segundo a TTR. As aquisições estrangeiras nos setores de tecnologia e internet aumentaram em 65% no primeiro bimestre, segundo a consultoria.
O crescimento esperado para 2022 no Brasil deve ser, de toda forma, menor do que o do ano passado, quando houve recordes e a expansão de 50% a 80% dependendo do banco de dados. Segundo o sócio fundador da Fortezza, Denis Morante, ex-Credit Suisse Hedging-Griffo, o mercado ainda não está amadurecido, porque os próprios aportes dos fundos de venture capital, que compram participação em empresas menores, devem levar à criação de companhias maiores que, por sua vez, vão comprar outras para consolidar seus setores.
A trajetória tem sido de alta. Nos anos 1990, a média de transações era de 300 a 400 negócios por ano. Subiu para a casa dos 600 nos anos 2000 e chegou a 1 mil em 2019. No ano passado, foram 1.960.
Saúde, tecnologia, educação, supermercados e negócios dos fundos de venture capital devem manter garantir o mercado aquecido.
Fonte: Estadão